Triste vida a de um carneiro
quando ama um caranguejo
murcha-lhe o viço altaneiro
na vaga esperança de um beijo
E embora os cornos lhe tragam
ao aspecto ar resoluto
fica manso se lhe embargam
o fulgor do seu estatuto
Vive entre as indecisões
de um típico caranguejo
sofre nessas aflições
que lhe extinguem o desejo
Mas se um dia o caranguejo
o ama a sério finalmente
Incendeia-se o desejo
e o seu amor é ardente
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Eugénio de Sá